16-11-2006

 

Filipe Montalto

 

Filipe Rodrigues

 Filoteu Elias Montalto

Elia Luna Montalto

 

(1567 – 1616)

 

O médico Filipe Montalto nasceu em 1567 na cidade de Castelo Branco, filho de António Aires e de Catarina Aires, neto materno de Filipe Rodrigues, irmão de Amato Lusitano. Era, pois, sobrinho-neto deste. A família era judaica e o lado paterno usava os nomes de Luna Montalto. Filipe Montalto foi baptizado em 6 de Outubro de 1567, sendo assim cristão-novo.

Estudou filosofia e medicina em Salamanca. Casou em Castelo Branco com outra cristã-nova, de nome Jerónima da Fonseca, que no exílio tomou o nome de Raquel da Fonseca. Do casamento teve cinco filhos, dois dos quais, gémeos, morreram na infância. Sobreviveram Rafael, Isaac e Moisés. Este último foi médico eminente na Polónia, tendo falecido em Lublin em 1637.  Um filho deste, Eliahu Montalto, foi também médico.

Antes do fim do século XVI, resolveu emigrar. Os tempos estavam maus para os cristãos-novos. Se praticavam o judaísmo, eram condenados  pela Inquisição. Se não o praticavam, seriam na mesma acusados pelos seus inimigos de o fazerem, submetidos a prisão e torturas, que os levavam a confessar fosse o que fosse.

Ao contrário de outros médicos que seguiram também o caminho do exílio, mas não abraçaram a religião judaica dos seus antepassados, como Rodrigo da Fonseca, Gabriel da Fonseca e Estêvão Rodrigues de Castro, Filipe Montalto instruiu-se na doutrina judaica e tornou-se  praticante fervoroso.

Em 1599, está em Livorno, na Itália, onde o procura um jovem Português, Paulo de Pina, com uma carta de recomendação datada de Lisboa, 3 de Abril. Montalto converte-o à fé judaica.

Em 1606 vai a Paris, provavelmente vindo da Flandres, e é chamado para curar a aia e irmã de leite da Rainha Maria de Medicis,  Leonora Galigai: esta italiana e o seu marido Concino Concini dominam a vida da Corte. Mas Leonora era muito doente; sofria de nevrose e de calores (“Vapeurs”). Logo depois da chegada de Leonora a França, em 1602,  o Mestre de Perfumes do Rei e da Rainha, o português Manuel Mendes (nascido em 1553), certamente cristão-novo, recomenda-lhe dois médicos: Francisco Alvares, marido de sua sobrinha e Filipe de Montalto. Este está ausente em Itália, mas o primeiro é nomeado médico ordinário da Rainha, por recomendação da Galigaï. Mas Francisco Alvares não consegue curar Leonora. E esta aproveita a passagem de Montalto em Paris em 1606 para o consultar. O sucesso é evidente:

Montalto a plus de succès auprès de Léonora. Fin diplomate, philosophe, il comprend qu'elle est une hypersensible, une anxieuse doublée d'une maniaco-dépressive. Il lui prescrit des remèdes dus au seul bon sens, à savoir: diète, calme, solitude, éloignement du mari pendant plus d'un mois, quelques médecines simples et, ce qui ne peut faire de mal à personne, prières et aumones. Après le corps, il s'occupe de l'âme et le traitement apporte une améloriation sensible. Reconnaissante, elle veut s'attacher le médecin. (Inès de Kertanguy, Léonora Galigaï)

 O trio Maria de Médicis, Galigaï e Concini bem tentou reter o médico em Paris, como médico da Corte, mas o Rei Henrique IV não consentiu. Cristão-novos eram consentidos, mas não judeus praticantes.

Regressado a Itália, Montalto publica em Veneza a sua obra Optica intra philosophiæ & Medicinæ aream, De visu, de visus organo [et] obiecto theoriam accurate complectens, ainda com o nome de Filipe Montalto. Na 2.ª edição, em 1613, figura já o nome de Filoteu Elias Montalto, indicando as suas crenças judaicas.

Em Itália, Montalto tivera a protecção do grão-Duque Fernando I, tio de Maria de Médicis. Mais tarde, fixou-se em Veneza, onde defendeu com veemência a prática da fé judaica a cara descoberta.

Montalto gabar-se-á de lhe terem sido oferecidas cátedras de Medicina em Bolonha, Messina, Pisa e Pádua. Se, de facto, lhas ofereceram, nenhuma aceitou. As universidades estavam vinculadas aos poderes estabelecidos e, por isso, também à religião católica, sendo impossível terem como professor um judeu praticante. Os médicos cristãos-novos portugueses que foram professores em Itália nunca foram judaizantes, professando a religião católica, pelo menos formalmente.

Em 19 de Dezembro de 1607, Asdrubale Barbolani di Montauto escreve um relatório sobre a missão de que fora encarregado pelo Grão-Duque Fernando I: comunicar ao Dr. Montalto que deveria desistir da ideia de trazer mais judeus portugueses para Veneza. Deveria ocupar-se com o exercício da Medicina e não lhe faltariam clientes.

Entretanto, em 14 de Maio de 1610, morre em França o Rei Henrique IV, sucedendo-lhe seu filho Luís XIII, na altura apenas com 9 anos. É Regente a Rainha-Mãe, Maria de Médicis, e sobre esta caem as influências da sua aia e amiga de infância, Leonor Galigai e do marido. Leonor Galigai era uma mulher insignificante, baixinha, feita e analfabeta. A Regente deveria ser a única pessoa em França que por ela tinha consideração. O marido, Concino Concini, era um aventureiro oportunista, que viu nela a oportunidade de enriquecer depressa. Atribui-se-lhe apenas o mérito de ter descoberto Richelieu.

Maria de Medicis convida Montalto para seu médico pessoal. Ele aceita, na condição de poder praticar livremente a religião judaica.  Com autorização prévia do Papa, a Regente aceita a condição. Acompanhado pela mulher, dois de seus filhos e um discípulo, Saúl Levi Morteira, Montalto vai para Paris, no Outono de 1612.

Transcreve-se a seguir o relato de um inimigo figadal do médico, Pierre de L’Ancre, anti-semita fanático, no livro abaixo indicado:

 

Ce Montalto (“Philotée Elian de Montalto Médecin Portugais, qui avait du crédit en Cour”) était Juif de race.

Il fut appelé en France quelque temps auparavant, sur la grande réputation en laquelle il était tenu, d’être un grand et suffisant Medecin, comme on apprend par une lettre qu’il écrivit du 6 Mai 1611, répondant à quelqu’un  qui lui procurait ce bien, dans la quelle il promettait d’y venir mais à condition néanmoins, qu’il n’entendait se déguiser et contrefaire en sa profession, ains exercer librement sa Religion Judaïque, vu qu’il avait refusé grandes offres qu’on lui avait fait à Bologne, à Messine, à Pise: même d’être successeur du grand Mercurial, sous la très-bénigne protection du grand Duc Ferdinand. Et qu’on lui avait aussi offerte la première chaire de Padoue. Ajoutant qu’en un seul acte, on pourra reconnaître son intention, à savoir qu’il ne recevra aucuns deniers le jour de son observance, c’est-à-dire, le jour du Sabbath. Il mourut à Tours sur la fin de cette année 1615 et après sa mort il fut trouvé en quelque maison plusieurs livres des siens, qui étaient vraisemblablement venus de lui.  (Pag. 488)

 

Maria de Médicis protege Montalto, que tem assim tempo e dinheiro para escrever a sua principal obra médica “Archipathologia : in qua internarum capititis affectionem, essentia causae signa, praesagia, & curatio accuratißima indagine edisseruntur”, obra importante e pioneira, em que se estudam as doenças mentais. A obra é publicada em 1614 em latim, e dedicada a Maria de Médicis. A dedicatória foi também traduzida para francês e publicada separadamente no mesmo ano com o título Lettre d’Espagne présentée à la Reine Regente par le Sieur Philotée Elian de Montalto, e nela diz:

 

Vous m’avez appelé d’Italie d’une main liberale  pour me commettre une très grande charge, la conduite de votre santé et de votre vie, la conservation et prolongation de laquelle comme très nécessaire est passionnément désirée non seulement de la valeureuse France, mais de toute l’Europe. Aussi êtes vous cet esprit vital, qui unit ensemble tant de Royaumes, comme les membres d’un seul corps par le lien de la paix. Voilà comme vous avez chargé le Ciel sur mes épaules, ainsi que d’un second Atlas. »

 Também Leonora Galigaï remunera bem o seu médico: em 1613, paga-lhe uma pensão de 6 000 libras (talvez uns 50 000 euros, em poder de compra de hoje).

A Archipathologia obteve fama nos meios médicos da Europa, embora não abundem hoje exemplares do livro  - supomos que em Portugal não há nenhum; nas bibliotecas da Alemanha, apenas dois.  Em 1621, Robert Burton (1577-1640), sob o pseudónimo de Democritus Junior publica o seu livro The Anatomy of Melancholy, que foi um sucesso ao longo de séculos, praticamente até aos nossos dias – ver o texto completo, aqui. Pois ele cita Montalto e a sua Archipathologia nada mais nada menos que 85 vezes!...  [Diga-se de passagem que o R. Burton cita também outros médicos portugueses da época: Rodrigo de Castro (15 vezes), Rodrigo da Fonseca e Amato Lusitano (7 vezes, cada)].

Mas Montalto também tinha o condão de criar inimigos. O seu proselitismo judaico punha os cabelos em pé a todos os anti-semitas. Tornava-se mesmo imprudente. Em 17 de Agosto de 1609, escreve uma carta a seu cunhado Thomás da Fonseca, carta que constituiu uma peça de acusação para o Tribunal da Inquisição (Proc. da Inquisição de Lisboa n.º 1355, fls. 29, online, imagem n.º 65). Sob tortura, Thomás acabou por denunciar praticamente toda a família e confessar tudo o que lhe pediram, sendo “reconciliado”em auto-da-fé celebrado em 31 de Julho de 1611.

Um dos parentes de Montalto que fugiu e se estabeleceu em França em St. Jean-de-Luz foi o também médico Pedro Rodrigues, casado com Isabel da Fonseca, irmã da esposa de Montalto e, portanto, seu co-cunhado. A este dirigiu Montalto quatro extensas cartas tentando convertê-lo à prática da estrita religião judaica, mas sem sucesso.

Entretanto, por um qualquer motivo, incompatibilizou-se com um espanhol também cristão-novo de nome Carlos Garcia, que se intitulava médico.  Mas a alta protecção de que gozava na Corte permitiu-lhe conseguir que Garcia fosse metido no calabouço no Verão de 1615. Só de lá saiu após a morte de Filipe Montalto.  Carlos Garcia foi depois o maior detractor de Montalto no julgamento de Leonor Galigai.

No final de 1615, a Corte partiu para Bordeaux, em missão integrada no âmbito do casamento de Luís XIII com Ana de Áustria, filha de Filipe III de Espanha. Montalto acompanha a Rainha Regente. Mas no regresso, no terrível frio com que se inicia o ano de 1616, Montalto morre em 19 de Fevereiro, em Tours.

Por ordem de Maria de Médicis, o corpo de Montalto é embalsamado e levado para Amsterdão por Josué de Luna, parente do falecido e por Saúl Levi Morteira. É enterrado no cemitério de Oudekerk, que tinha sido comprado na altura pela comunidade judaica.

O nome de Montalto volta à baila em 1617, quando o adolescente Luís XIII se revolta contra sua mãe e a destitui da regência. Para isso, reúne um grupo de fidalgos amigos a quem incumbe de prenderem Concini, ou de o abaterem se ele opusesse resistência. Os conjurados executaram-no em 24 de Abril de 1617.

A Galigai é presa e submetida a julgamento. Porque seria demasiado complicado acusá-la de traição e crime de lesa-majestade, a acusação fala de bruxaria e de recurso à magia. Carlos Garcia afirma em Tribunal que Montalto lhe pedira informações sobre magia e a indicação de um mágico que conhecesse os poderes para dominar as pessoas (“contraindre les esprits”).

Feita a acareação de Garcia e de Leonora, esta declarou que não o conhecia de lado nenhum.

Quanto à Galigai, fez o seguinte depoimento sobre o seu médico:

“ Étant tombée dangereusement malade, mes gens et les médecins de Paris eux-mêmes me conseillèrent de me servir de Montalto. Il travaillait avec les autres à ma cure et je guéris. Ce fut trois ou quatre mois avant la mort du roi. Montalto se retira ensuite à Florence, où le grand-duc l’employait pour lui. Je n’ai jamais entendu dire qu’il fut magicien. Il avait au contraire la réputation d’un très galant homme. Trois ou quatre des plus célèbres médecins de Paris étant morts, la reine-mère écrivit au grand-duc de lui envoyer Montalto. Elle écrivit aussi au pape pour obtenir la permission de se servir de lui, disant qu’elle en avait besoin pour elle et sa maison. La reine-mère obtint l’une et l’autre ».

Condenada à morte, Leonora Galigai morreu com dignidade, decepada pelo machado do carrasco, no mesmo dia em que foi proferida a sentença, 8 de Julho de 1617.

 

LIVROS PUBLICADOS

 

Optica intra philosophiæ & Medicinæ aream, De visu, de visus organo [et] obiecto theoriam accurate complectens -  Ad Serenissimum Hetruriae Principem D. Cosmum Medicem - Florentiae : Cosmvs Iunta, 1606

Online: http://books.google.com

 

 

Philothei Eliani Montalto Archipathologia : in qua internarum capitis affectionem, essentia causae signa, praesagia, & curatio accuratißima indagine edisseruntur - Lutetiae : Sumptibus Caldorianae societatis, 1614

Online: http://books.google.com

 

 

Lettre d’Espagne présentée à la Reine Regente par le Sieur Philotée Elian de Montalto, à Paris chez Jean Brunet, rue Saint Jacques, à la Hotte, 1614, avec privilège du Roi.

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k89995s

 

Tratado hecho por el Doctor Filoteo Elian Montalto sobre el capitulo 53 de Ezayas e outros Textos da Sagrada Escritura, em manuscrito da B.N.F. Foi, porém, traduzida para inglês e publicada em 1790:

A Jewish Tract, on the fifty-third chapter of Isaiah, written by Dr. Montalto, in Portuguese ... translated from his manuscript by Philo-Veritas (pseud.)., 1790

 

NOTA: A atribuição a Montalto do livro De homine sano é um lapso de Barbosa Machado. Não encontrámos também qualquer confirmação de que tenha escrito os livros Consultationes Medicae, De Curatione morborum singularium partium e Tractatus accuratissimus de morbis capitis, que lhe são atribuídos.

 

 

TEXTOS CONSULTADOS

 

Dr. Montalto em Veneza – Carta de Asdrubale Barbolani di Montauto (29-12-1607)

Online: http://www.medici.org/news/dom/dom042002.html

 

Jewish Encyclopedia

Online: http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=737&letter=M

 

Biografia, por Peter van Rooden

Online: http://www.xs4all.nl/~pvrooden/Peter/publicaties/1989b2.htm

 

D. Marcelino Menéndez y Pelayo,  Historia de los heterodoxos españoles

Online: http://www.cervantesvirtual.com/servlet/SirveObras/12815841228995502421513/p0000020.htm#I_241_

 

José Maria Perceval Verde, Opinión pública y publicidad (siglo XVII). Nacimiento de los espacios de comunicación pública en torno a las bodas reales de 1615 entre Borbones y Habsburgo, Tese de Doutoramento - Ver pgs. 517, 518 e 525

Online: http://www.tdx.cbuc.es/TESIS_UAB/AVAILABLE/TDX-1124104-171942//

 

Alain Decaux,  La naine hystérique qui gouvernait la France, in Historia N°367 - juin 1977

Online: http://renaissance.mrugala.net/Concini/La naine hysterique.htm

 

Alfredo Rasteiro, AMATO, MONTALTO E A ARTE DOS OLHOS NOS SÉCS. XVI E XVII, em Cadernos de História da Medicina

Online: http://www.historiadamedicina.ubi.pt/cadernos_medicina/vol08.pdf#search="archipathologia"

  

Pierre de L'Ancre  (15..-1630?), L'incrédulité et mescréance du sortilège plainement convaincue, où il est amplement et curieusement traicté de la vérité ou illusion du sortilège... et d'une infinité d'autres rares et nouveaux subjects,  Paris : N. Buon, 1622, 841 pag.

Online: http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k763251

 

Rober Burton, The Anatomy of Melancholy, What it is: With all the Kinds, Causes, Symptomes, Prognostickes, and Several Cures of it. In Three Maine Partitions with their several Sections, Members, and Subsections. Philosophically, Historically, Opened and Cut up, 1621

Online: http://www.gutenberg.org/etext/10800

 

Voltaire, Histoire du Parlement de Paris - Chapitre 47

Online: http://perso.orange.fr/fdomi.fournier/Generalite/Voltaire/Parlement/HPP_10.htm

 

Peter van Rooden, A Dutch adaptation of Elias Montalto’s Tractado sobre o princípio do Capítulo 53 de Jesaias. Text, introduction and commentary.

Online: http://www.xs4all.nl/~pvrooden/Peter/publicaties/1989b2.pdf

 

 

Bibliotheca lusitana historica, critica, e cronologica : na qual se comprehende a noticia dos authores portuguezes, e das obras, que compuserão desde o tempo da promulgação da Ley da Graça até ao tempo presente, por Diogo Barbosa Machado (1682-1772), 4 vols., 1741. Transcrito aqui.

  

Nicolau António, Bibliotheca Hispana noua : sive Hispanorum scriptorum qui ab anno MD ad MDCLXXXIV floruere notitia / auctore D. Nicolao Antonio ; tomus secundus, Madrid, Apud Joachimi de Ibarra., 1788. Online aqui (págs. 258 e 259 do software).

  

Dr. José Lopes Dias - Laços familiares de Amato Lusitano e Filipe Montalto (novas investigações) - Colóquio de História da Medicina,, Lisboa, 1961, 31 pgs.

 

Augusto de Esaguy, Comentos à vida e obra de Elias Montalto, Lisboa, Ed. Império, 1951, 35 pgs.

 

Eduardo Ricou, Elias Montalto: sua vida e obra, Sep. do “Jornal do Médico”, n.º 125, 6 pgs. Porto, 1988

 

H. P. Salomon - Une lettre jusqu'ici inédite du docteur Felipe Rodrigues Montalto (Castelo Branco, 1567 - Tours, 1616), Paris, Fund. Calouste Gulbenkian, Centre Culturel Portugais, 1983 , pgs. 151-169

 

Cecil Roth (1899-1970), Quatre lettres d’Elie de Montalto, Paris, Soc. des Etudes Juives, 1929, pgs. 137-165..

 

Richard Ayoun, Elie de Montalto, un médecin marrane, in "Inquisição: ensaios sobre mentalidade, heresias e arte", organizadoras Anita Novinsky e Maria Luiza Tucci Carneiro, Universidade de São Paulo, 1992, pags. 292-306

 

Jean-Marc Pelorson, « Le Docteur Carlos Garcia et la colonie hispanoportugaise de Paris (1613-1619) », em Bulletin Hispanique n.º 71, 1969 (2), pags. 518-576.

 

Michal Altbauer-Rudnik, Prescribing Love: Italian Jewish Physicians Writing on Lovesickness in the Sixteenth and Seventeenth Centuries

Online: http://www.ef.huji.ac.il/publications/Altbauer.pdf

 

Meyer Kayserling (1829-1905), Biblioteca española-portugueza-judaica, Madrid. Ollero y Ramos, 2000, 155 p. Reprodução em fac-simile da ed. de Estrasburgo: Charles J. Trubner, 1890. ISBN 84-7895-141-5

 

A. Tavares de Sousa, Curso de História da Medicina: das origens aos fins do século XVI, 2,ª ed. Lisboa, F. Calouste Gulbenkian, 1996, 187 págs. ISBN 972-31-0097-5

 

Brigitte Bedos-Rezak, "Tolérance et raison d'Etat: le problème juif," em L'Etat baroque. Regards sur la pensée politique de la France, du premier XVIIe siècle, ed. H. Mechoulan (Paris, Vrin, 1985), pp. 243-287.

 

Inès de Kertanguy, Léonora Galigaï, L'âme damnée de Marie de Médicis, Pygmalion, Paris, 2005, ISBN 2-85704-974-9

 

Miriam Bodian, Hebrews of the Portuguese Nation, Conversos and Community in Early Modern Amsterdam, Indiana University Press, Bloomington – Indianapolis, 1997, ISBN 0-253-21351-7

 

 

 

 

FILIPE MONTALTO, ou  FILOTHEO ELIAS MONTALTO, pois com hum, e outro nome se acha escrito, naceo na Villa de Castello-Branco da Diocese da Guarda, irmaõ de Amato Lusitano, a quem imitou na profundidade da sciencia Medica, como na observancia dos ritos Judaicos. Foy Cathedratico de Medicina nas Universidades de Lovanha, e Pisa, onde depois de explicar os seus Aforismos a diversos discipulos, que sahiraõ Mestres, passou a França por ordem da Rainha Christianissima Maria de Medices, de quem recebeo particulares estimaçoens, sendo Fysico mòr, e Conselheiro da Magestade Christianissima de Luiz XIII. Morreo na Cidade de Tours em o anno de 1615 . Grandes saõ os elogios, que lhe dedicaõ diversos Authores como saõ Zacut. de Med. Princip. Hist.-lib. 5. hist. 16. chamando-lhe clarissimus, & subtilissimus, & lib. 2. hist. 43. Dub. 30. omnium voto doctissimus, & ibi histor. 57. eruditissimus, &  observat. 43. inter Neotericos scientissimus. Wolfio Bibliot. Hebraea pag. 163. §. 252. Bartolocci Bibliot. Rabbin.(Part. 1. pag. 830. Joan. Soar. de Brit. Theatr. Lusit. Litter. lit. P. n. 59. Abrah. Mercklin.Lind. Renov.pag. 920. Joan Hallevord. Bib. Curios.  pag. 339. col. 1. D. Franc. Man. Cart. dos AA. Portug. Basnage Histoir. des Juifs Tom. 5. pag. 1829 . Nicol. Ant. Bibliot. Hisp. Tom. 2. pag. 204.

 

Compoz

 

Optica intra Philosophiae, & Medicinae arcam de visu, de visús organo, & objecto Theoricam complectens.  Florentiae apud Cosmam Juntam. 1606. 4. & Coloniae Allobrogum 1613.  4. grande S.

 

Esta obra, que dedicou ao Graõ Duque de Toscana, promette no Prologo hum Tratado  -De omnibus animae facultatibus com outros, que constaõ de Internorum morborum praxi, e Cosmopaeia Theorica.

 

Archipatologia, in qua enternarum capitis affectionum, essentia, causae, signa, praesagia, & curatio acuratissimâ indagine disseruntur .Lutetiae apud Franciscum Juequin 1614 .  4.&  Gervasii .  1628 .  4.

  

De homine Sano . Francofurti 1591 .  8.